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24 de Abril de 2024

ONU determina participação de Lula nas eleições até fim de recursos

Decisão é do Comitê de Direitos Humanos da ONU. Ratificação de pacto internacional torna o Brasil tecnicamente obrigado a cumprir as conclusões

Publicado por Página Jurídica
há 6 anos


O Comitê de Direitos Humanos da ONU afirmou, nesta sexta-feira (17/8), que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria ser autorizado a fazer campanha e disputar as eleições até que seus recursos legais sejam totalmente examinados. O comitê, constituído por especialistas em direitos civis e políticos, deliberou sobre um pedido urgente apresentado pelos advogados de Lula em 27 de julho.

Em uma breve declaração, o comitê pede ao Brasil "que tome todas as medidas necessárias para garantir que Lula (...) possa exercer seus direitos políticos enquanto estiver na prisão, como candidato nas eleições presidenciais". Os membros indicam que Lula só poderá ser desqualificado uma vez que "todos os recursos pendentes sejam completados em um procedimento justo e que sua condenação seja final".

Um membro do comitê, Olivier de Frouville, disse que os advogados de Lula pediram uma ação urgente em três questões: que ele seja imediatamente libertado, que ele tenha acesso à mídia e ao seu partido político e que se permita que ele participe das eleições. O comitê rejeitou a primeira petição, mas validou as outras duas.

O Comitê, que tem sede em Genébra, é responsável pelo monitoramento das violações do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, bem como por um texto suplementar chamado Protocolo Facultativo. Como o Brasil ratificou ambos os textos, é tecnicamente obrigado a cumprir as conclusões desse comitê.

Durante a tarde, porém, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, afirmou pelo Twitter que as decisões "tem caráter de recomendação e não possui efeito juridicamente vinculante", visão da qual os advogados de Lula discordam em nota emitida logo após a decisão (leia abaixo).

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Nota dos advogados do presidente Lula

Na data de hoje (17/08/2016) o Comitê de Direitos Humanos da ONU acolheu pedido liminar que formulamos na condição de advogados do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 25/07/2018, juntamente com Geoffrey Robertson QC, e determinou ao Estado Brasileiro que “tome todas as medidas necessárias para que para permitir que o autor [Lula] desfrute e exercite seus direitos políticos da prisão como candidato nas eleições presidenciais de 2018, incluindo acesso apropriado à imprensa e a membros de seu partido politico” e, também, para “não impedir que o autor [Lula] concorra nas eleições presidenciais de 2018 até que todos os recursos pendentes de revisão contra sua condenação sejam completados em um procedimento justo e que a condenação seja final” (tradução livre).


A decisão reconhece a existência de violação ao art. 25 do Pacto de Direitos Civis da ONU e a ocorrência de danos irreparáveis a Lula na tentativa de impedi-lo de concorrer nas eleições presidenciais ou de negar-lhe acesso irrestrito à imprensa ou a membros de sua coligação política durante a campanha.


Por meio do Decreto nº 6.949/2009 o Brasil incorporou ao ordenamento jurídico pátrio o Protocolo Facultativo que reconhece a jurisdição do Comitê de Direitos Humanos da ONU e a obrigatoriedade de suas decisões.


Diante dessa nova decisão, nenhum órgão do Estado Brasileiro poderá apresentar qualquer obstáculo para que o ex-Presidente Lula possa concorrer nas eleições presidenciais de 2018 até a existência de decisão transitada em julgado em um processo justo, assim como será necessário franquear a ele acesso irrestrito à imprensa e aos membros de sua coligação política durante a campanha.

Originalmente em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/política/2018/08/17/interna_politica,700692/onu-de...

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Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/onu-determina-participacao-de-lula-nas-eleicoes-ate-fim-de-recursos/614253239

2 Comentários

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Engraçado os esquerdistas da ONU.

Assumem que nem analisaram o mérito e já querem decidir sem nem sequer terem ouvido o Estado brasileiro, ou seja, basta a versão da defesa, a par de já terem duas instâncias condenado ele e dele já ter tido mais de 80 recursos analisados em todas elas, incluindo o STJ e STF ... o que é de notório conhecimento público.

Nunca antes na História deste país alguem teve tantos recursos apreciados em tão curto espaço de tempo ... duro pra clientes e aqueles que militam na advocacia e esperam anos para verem os seus julgados. continuar lendo

Manuelito Reis,

Não é decisão, é só pitaco mesmo, pois eles não passam de especialistas, sequer compõem um colegiado ... não são juízes internacionais.

Agora se o Brasil seguisse o que eles pedem e supondo que Lula ganhasse e mais tarde eles reconhecem que a legislação e o Judiciário brasileiro estavam corretos, queria ver cassarem o mandato. Ou será que ele ia comandar da prisão o país?

Eles nem mesmo afirmaram que o Brasil violava os direitos e o Pacto, apenas disseram que poderia haver uma violação ... ou seja, é a hipótese da hipótese.

Qualquer um pode se autointitular perseguido político, e a ONU já sai em socorro só com base no "disse me disse". No mínimo deveriam ouvir o Estado brasileiro antes, só fizeram isso pra causar barulho ... o que a esquerda adora, especialmente pra alimentar seu discurso vitimista. continuar lendo